Treinamento do paladar e olfato para o café: conheça dicas interessantes
Se você é um apreciador de café, sabe que o cheirinho da bebida, o barulho da chaleira com a água fervendo, e até mesmo a conversa ao redor da mesa fazem parte da experiência. Explorar as sensações do seu paladar ao tomar uma xícara torna este momento ainda mais gratificante. Ao degustar, você pode treinar seu paladar e olfato para aprender a apreciar um bom café. E não é preciso ser um especialista para adquirir essa percepção! Confira algumas dicas:
Por onde começar?
O primeiro passo é sentir o aroma do café. Pegue sua xícara, faça uma espécie de cabana com as mãos para concentrar os vapores da bebida, inspire bem e sinta o cheiro. Para identificar as notas aromáticas, é preciso treinar a memória dos aromas. Conhecer o cheiro dos alimentos, como frutas, amendoim, chocolate e mel, ajuda a criar esse repertório sensorial. Geralmente, para quem é inciante, o aroma remete a algum momento: a avó passando café em casa com bolinho de chuva, por exemplo.
“O bacana é começar a prestar atenção: esse cheiro me lembra o quê? Uma fruta vermelha? Uma fruta amarela, como a manga? E, a cada prova, tentar identificar mais os aromas”, explica a especialista em cafés e gerente comercial do Orfeu Cafés Especiais, Tamara Siqueira.
Sabores básicos
Para aprender a identificar o sabor do café, é ideal que o primeiro gole não tenha açúcar. Adoçar a bebida não é errado, mas, quando se fala em treinar o paladar, é fundamental que não se mascare os sabores. “Deixe o café espalhar e escorrer por toda a boca. Nesse passo, você vai começar a sentir que diferentes partes da língua são ativadas. Depois que você engole, pode prestar atenção no local que foi mais ativado”, explica Tamara.
Cada parte da língua corresponde a um sabor. Se você identificar que o fundo da língua foi estimulado, quase na garganta, o café é amargo. As laterais da língua, por sua vez, correspondem ao sabor ácido. E, se você sentir que a frente da língua foi ativada, ele é mais doce.
Quem tem dificuldade para diferenciar o ácido do amargo pode se guiar pela localização do sabor. “Quando você aprende em que parte da sua boca cada sabor é acionado, fica mais fácil de diferenciar o amargor da acidez. Ao experimentar um chocolate amargo ou um amendoim mais queimado, por exemplo, você percebe um acionamento da parte profunda da língua. Ao chupar um limão, seu corpo automaticamente aciona a lateral”, observa Tamara.
Corpo do café
Depois de identificados os sabores básicos, é hora de entender o corpo do café. Ele se refere ao quanto a bebida envolve o palato. “Existem cafés que você toma e logo ele sai da boca. Nesse caso, ele é de corpo baixo, leve. Se, depois que você engolir, o gosto de café ainda persistir por algum tempo, ou se quando ele se espalha pela boca a textura é pesada, este então tem mais corpo”, diz Tamara.
Notas de sabor
A próxima etapa é começar a perceber as notas de sabor: caramelo, ameixa, flores.. Para saber identificá-los, é preciso criar referências, e, para isso, é fundamental experimentar frutas, variedades de café, sementes e explorar ao máximo o que cada alimento apresenta.
É importante lembrar que os Cafés Especiais são a categoria mais alta em termos de qualidade, ou seja, são bebidas mais complexas. “Você encontra muito mais notas de sabor em um café especial do que um tradicional ou gourmet, por exemplo”, explica Tamara. Isso é importante porque, na hora de degustar, você pode ter uma experiência mais completa com um café da Categoria Especial.
Harmonização
Quando você começa a treinar seu paladar, passa a ter uma percepção mais apurada de que tipos de café combinam com quais sabores. A harmonização é uma maneira de usar essa habilidade para criar combinações incríveis com a bebida! Basicamente, ela pode ser feita de dois jeitos: por complementação e por contraste.
1. Complementação: Se você está tomando um café e percebe que ele tem notas de caramelo ou chocolate, como o Orfeu Clássico, por exemplo, pode complementá-lo com sobremesas que também tenham essas características. Se, por outro lado, o café traz notas cítricas, como o Orfeu Suave, ele pode combinar com sobremesas nesse estilo, como uma torta de limão.
2. Contraste: A harmonização por contraste é o oposto da complementação. Você combina o sabor do café com notas contrárias. Por exemplo: se um café tem notas ácidas, o que quebra essas notas é a doçura. “Se você tem um café com notas de limão, pode combiná-lo com um brigadeiro, que é doce”, exemplifica Tamara.
A especialista recomenda a brincadeira: “Se você está em dúvida de como harmonizar o café, teste a bebida com uma sobremesa mais ácida, outra doce, e outra equilibrada. Veja qual combinação deixa a experiência mais redonda, seja por complementação ou por contraste”.