Cafeteria em Bangcoc dá desconto para quem decide refletir dentro de caixão
Imerso na escuridão e com pouca ventilação, o cliente de uma peculiar cafeteria em Bangcoc, na Tailândia, pode meditar dentro de um caixão sobre a vida e ainda conseguir um desconto na conta.
"Nosso principal objetivo é transmitir a palavra de Buda baseada no ensinamento: 'Quando alguém é ciente da morte diminui o nível de egoísmo'", disse à Agência Efe Veeranut Rojanaprapa, fundador da "Kid Mai - Death Awareness Cafe" (algo como "Pense Novo - Consciência da Morte Café").
O empresário e acadêmico especializado em questões sociais afirmou que os intrépidos usuários que experimentam a sensação voltam mais fortalecidos, com menos "cobiça e ira" e pessoas melhores.
Com bebidas batizadas como Nascimento, Morte, Velhice e Sofrimento, a cafeteria abriu em janeiro com um caixão branco - rodeado de flores e cadeiras que simulam um velório - como principal atração.
Após se acomodar no pequeno espaço, uma funcionária da cafeteria ajuda o cliente a fechar a parte superior do caixão até vedar a entrada do último resquício de luz, embora dois pequenos orifícios permaneçam ali para permitir a entrada de ar.
"O cliente pode ficar aí o tempo que quiser. No início, a pessoa entra na intenção de ter uma experiência nova. Depois de um tempo, ela começa a questionar assuntos pessoais, como: Qual o propósito da vida?", explicou Veeranut.
A reação não demora a aparecer e, ao sair do caixão, o cliente escreve seus pensamentos em um livro preso ao túmulo de mentirinha.
"A morte é uma sábia conselheira. Só vivemos uma vez e por isso devemos superar nossos medos e superar a nossa mesquinharia. Sem consciência sobre a morte tudo é trivial e ordinário", comentou Carlos, cliente da cafeteria, sobre a sua experiência.
Um longo túnel, com pouca iluminação, é a entrada principal do local, cujo pátio serve de atalho entre a avenida principal e uma estreita rua residencial. Na medida em que a pessoa avança pela galeria, começam a surgir quadros com perguntas como: "Você é feliz com o que faz?", "Quem você ama?" e "Pelo que você trabalha?".
Para completar o processo, os clientes podem redigir a última vontade, planejar o próprio funeral ou escrever uma carta para ser recebida em 10 anos.
Ploy, por exemplo, outra frequentadora do café, pediu ao seu "futuro eu" que aprenda a perdoar os outros e a si mesma e se comprometeu a ser uma "pessoa bem-sucedida" no trabalho e no amor.
O proprietário atribui ao "capitalismo" o desvio da Tailândia em relação aos ensinamentos budistas.
"A sociedade atual é materialista, procura a felicidade na compra ou na aquisição de posses e, por isso, esquece ou se desvia do caminho que leva ao resultado", opinou Veeranut.
A superstição e as crendices são muito arraigadas na sociedade tailandesa e alguns vizinhos já se queixaram da cafeteria, mas isso não o abalou. Como um epitáfio, perto das flores e do caixão, um pequeno cartaz diz: "No final, nada se leva".