Robusta é apresentado como alternativa econômica para a Nova Alta Paulista
Encontro sobre cultivo do café Robusta foi realizado nesta quinta-feira, na Cafeicultura Eldorado, em Adamantina (Fotos: Siga Mais)
Depois de uma década de pesquisas realizadas pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e do Polo Regional Alta Paulista, sediado em Adamantina, em conjunto com o Centro de Café do Instituto Agronômico (IAC-APTA), foi possível selecionar clones de café Robusta adaptados às condições da Nova Alta Paulista.
O resultado da pesquisa e as expectativas do mercado foram apresentados no 1º Encontro da cadeia produtiva do café Robusta da Nova Alta Paulista. O evento foi realizado nesta quinta-feira (28) pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por intermédio da APTA Adamantina, com apoio da AMNAP (Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista) e Cafeicultura Eldorado.
Participaram do encontro técnicos, pesquisadores, produtores rurais e representantes da indústria cafeeira. O Vice-Presidente de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Edvaldo Frasson Teixeira, da indústria Treviolo Café Ltda, também participou do evento. A Treviolo co-financiou as pesquisas.
Segundo os organizadores, a ideia central do encontro foi incentivar o cultivo de alta qualidade, do café Robusta, para atender a demanda das indústrias de torrefação.
A abertura do encontro teve a participação do presidente da AMNAP e prefeito de Tupi Paulista, Alexandre Tassoni Antonio. Em seguida foram realizadas as palestras, pelos expositores convidados.
O primeiro a falar foi o engenheiro agrônomo Julio Cesar Mistro (IAC – Centro de Café “Alcides Carvalho”), com o tema “C. canephora: Conilon e Robusta, características gerais”. Em seguida, o engenheiro agrônomo Edson Tadashi Savazaki (CATI – EDR de Lins), expôs sobre os resultados das experiências do café conilon na região de Lins.
Houve intervalo e os trabalhos foram retomados em seguida, com o engenheiro agrônomo Fernando Takayuki Nakayama (APTA Alta Paulista), de Adamantina, seguido do representante da Treviolo Café Ltda, de Adamantina, Edson Frasson Teixeira. Ao final, o engenheiro agrônomo Marcos Rogerio Torturello dos Santos (CATI – EDR Dracena) expôs sobre linhas de crédito disponíveis para a cultura cafeeira. Encerrando o encontro, foi realizada visita técnica à área de produção, na própria Cafeicultura Eldorado.
Do Espírito Santo para Adamantina: pesquisa foi iniciada em 2008
Toda a pesquisa que agora subsidia o estímulo e a validação técnica à cultura do café Robusta na região de Adamantina foi iniciada em 2008 pelo pesquisador Fernando Takayuki Nakayama, engenheiro agrônomo da APTA Alta Paulista, de Adamantina, com uma visita técnica a propriedades rurais produtoras da variedade, no estado do Espírito Santo.
A pesquisa se desenvolve há dez anos, com o desafio de selecionar clones de café robustas adaptados às condições paulistas. O trabalho tem sido realizado em conjunto com cinco agricultores familiares do Oeste Paulista, em cidades como Adamantina, Pacaembu e Quatá, em uma região com temperaturas médias de 23ºC e altitude de 400 metros, condições ideias para o cultivo do Robusta.
Segundo Fernando Nakayama, o café Arábica não vai bem nessa região, pois deve ser cultivado em altitudes mais elevadas, pois esta espécie se originou em altitudes entre 1500 e 2000 metros, além de temperaturas mais amenas. Já o Robusta – explica – traz uma nova opção de renda para o pequeno agricultor da região de Adamantina.
Os resultados dos dez anos de pesquisa já permitem validar os resultados esperados de produtividade para a variedade Robusta e oferecer ao produtor uma variedade adaptada às características da região. “Em 2008, trouxemos os melhores materiais de robusta cultivados no Espírito Santo para São Paulo. Selecionamos seis clones e fizemos o cruzamento com a IAC 2258, desenvolvida pelo Instituto Agronômico. Esperamos disponibilizar para o setor um novo clone em breve”, afirma.
Café Robusta: das pequenas propriedades para abastecer o mercado
Outro fator positivo, além da validação da pesquisa, é a introdução do café Robusta como importante alternativa econômica para as pequenas propriedades rurais, de agricultura familiar, sobretudo em razão da ampla demanda do mercado, que precisa ser suprida. “Há crescimento no consumo mundial de café”, disse Fernando Nakayama. “Além disso, estamos no quintal da indústria”, completa.
O representante da Treviolo Café Ltda, de Adamantina, Edson Frasson Teixeira, destacou aspectos do mercado para o café Robusta, de grande aceitação para abastecer as indústrias do café solúvel, torrado e moído, e café espresso. “O café solúvel é o grande utilizador do Robusta”, destacou.
Ele citou que as empresa compradoras estão em território paulista e muitas delas buscam café em outros Estados, para suprir a demanda de processamento. Além desse fator, ele destacou as condições de armazenamento e transporte, bastante favoráveis em São Paulo.